O perigo das
horas extras

Confira como as horas extras podem ser um perigo
para o seu colaborador e para a sua empresa.

É comprovado que os níveis de estresse aumentam quando os funcionários não conseguem prever ou regular seu horário de trabalho. Os brasileiros realizam em média 18 horas extras durante um mês. Pessoas que trabalham mais de 40 horas por semana, têm 6x mais chances de sofrer de burnout. Confira em detalhes o que dizem as pesquisas sobre a realização de horas extras, e como essa prática pode ser um perigo em vários sentidos para o seu colaborador e consequentemente para a sua empresa.

A sua empresa é feita de pessoas, e quando essas pessoas não estão bem a sua empresa não está bem.

Os colaboradores que precisam realizar muitas horas extras, com frequência alegam o aumento do cansaço físico e mental, e baixa disposição para a realização das tarefas normais do dia a dia.

Isso pode refletir em pedido de demissão e processos trabalhistas.

Os processos trabalhistas geralmente vão ocorrer quando o funcionário não receber pelas horas extras trabalhadas ou não ter a oportunidade de compensação destas horas.

Para os empregadores o risco está no reflexo do que o seu colaborador está sentindo, correndo então o risco de perder colaboradores, produtividade e ser processado.

Essa situação vai impactar diretamente nas finanças da empresa.


O perigo das horas extras para os colaboradores

Segundo levantamento realizado pela empresa de seguros Maxis GBN em vários países do mundo, 35% dos trabalhadores alegam que manter o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é o seu maior motivo de estresse.

No Brasil, os empregados realizam em média 18 horas extras por mês. Na média de 20 dias úteis por mês, isso vai refletir em quase 1 hora extra por dia. Logo, essa balança entre pessoal e profissional fica prejudicada.

Segundo alguns psicólogos, como Roger Rosa do National Institute for Occupational Safety & Health, alegam que os níveis de estresse aumentam quando os funcionários não conseguem prever ou regular seu horário de trabalho. Ele diz que o estresse aumenta quando o controle da vida pessoal é interrompido, já que controlar as horas de trabalho é fundamental para organizar a vida pessoal.

Um estudo elaborado pela mesma instituição, destaca que aumenta em 6x a chance de pessoas com burnout, quando elas trabalham mais de 40 horas por semana, em comparação com as pessoas que trabalham “apenas” 35 horas por semana.

Em 2016, segundo a Organização Mundial da Saúde e a Organização Internacional do Trabalho, 745 mil pessoas morreram por AVC (acidente vascular cerebral) ou por doenças cardíacas em consequência do excesso de jornada.

Essas organizações concluíram, através de seu estudo global sobre os efeitos dos horários excessivos na saúde dos trabalhadores, que trabalhar por 55 horas ou mais por semana, aumenta em 35% o risco de morte por AVC e em 17% por doença cardíaca, quando comparado a uma jornada de 35 a 40 horas.

Um estudo canadense, realizado durante 12 anos, publicado na revista BMJ Diabetes Research & Care, sugere que as mulheres com mais de 45 horas de trabalho semanal, têm maior probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2.

Trabalhadores japoneses que estão trabalhando mais e mais horas, têm visto um aumento nos problemas cardiovasculares nos últimos cinco anos.

Um estudo alemão descobriu que os trabalhadores experimentaram um aumento significativo de acidentes e incidentes traumáticos após nove a dez horas em um turno.

Uma pesquisa publicada no Working Time: International Trends, Theory and Practice, relata que sete entre 10 funcionários que relatam estresse no trabalho dizem que sofrem de doenças frequentes.

Eles descobriram também que as horas extras frequentes eram um dos cinco principais fatores que causaram o aumento do estresse.

Essas pesquisas indicam que pode ser uma grande ilusão o pensamento de que realizar horas extras vai aumentar a produtividade da empresa, já que essa rotina pode levar ao aumento do estresse físico e mental do colaborador, fazendo com que ele fique desmotivado e reduza a sua produtividade. Isso é chamado de presenteísmo.

O perigo das horas extras para o empregadores

A prática frequente da realização de horas extras sem o cuidado de realizar o devido pagamento ou permitir a compensação das horas, reflete em pagamento elevado de horas extras e processos trabalhistas.

O pedido de pagamento de horas extras é um dos mais frequentes nos tribunais brasileiros. Você pode ver mais dados sobre isso neste artigo: Horas Extras, campeãs de processos trabalhistas.

Quando um funcionário entra com uma ação trabalhista solicitando o pagamento de horas, é obrigação do empregador provar que o colaborador não tem direito a esses pagamentos.

Caso não consiga provar, será presumida como verdadeiro o pedido do funcionário.

Ao realizar uma consulta no site da jusbrasil é fácil perceber a dor de cabeça que as horas extras podem gerar para a sua empresa.

Outro fator prejudicial para a sua empresa quando o assunto é horas extras, é o cartão ponto.

Primeiro, se a sua empresa tem registro de ponto em cartão ponto, tenha 100% de certeza que está pagando mais horas extras do que deve (leia nosso artigo O perigo do cartão ponto).

O pagamento elevado de horas extras, também pode-se tornar um perigo para a saúde financeira da sua empresa.

Segundo, é muito fácil burlar o cartão ponto, assim você pode ser facilmente prejudicado por um processo trabalhista, já que o colaborador agindo de má fé, pode registar horários diferentes do que o efetivamente realizado. E ainda assim, cobrar judicialmente essas horas.

Não podemos deixar de citar que a empresa também poderá perder produtividade, na medida em que o excesso de horas extras prejudica a saúde do trabalhador, conforme destacamos antes.

Quando a sua empresa TEM que pagar horas extras

Existem algumas situações em que a sua empresa deve, por lei, realizar o pagamento das horas extras, confira quais são elas:

  • Quando o colaborador realiza horas extras indevidas, ou seja, além das 2h diárias permitidas pela lei, é obrigatório o pagamento destas horas.
  • Em regime de compensação, se “sobrar” alguma hora extra ao final do mês, realize o pagamento.
  • Em regime de banco de horas, se “sobrar” alguma hora extra ao final do período de zeramento do banco, realize o pagamento.

Cuidados para que ninguém seja prejudicado pelas horas extras

Se você não quer ver seus funcionários sendo prejudicados pelo excesso de horas extras, e consequentemente a sua empresa, confira estes simples conselhos que elaboramos através do contato com milhares de empresas.

  • Reorganize as tarefas para que a realização de horas extras não seja uma prática frequente.
  • Não deixe para o final do mês a conferência do saldo de horas, pode ser muito tarde para organizar as compensações e reduzir o saldo.
  • Verifique o saldo de horas no mínimo 1x por semana.
  • Não calcule horas de forma manual, pois você pode cometer erros.
  • 88% das planilhas de excel tem erros em suas fórmulas, tome cuidado ao utilizá-las
  • Elimine o registro de ponto manual, afinal o papel aceita tudo e é fácil um colaborador aumentar o seu saldo de horas dessa forma.
  • Trabalhe com o regime de compensação de horas para reduzir o saldo de pagamento ao final do mês.
  • Verifique nas legislações vigentes quais os percentuais corretos para pagamento de cada hora extra.
  • Não permita a realização de horas extras sem a autorização de algum responsável de setor.
  • Peça para que os colaboradores assinem o espelho do ponto, comprovando a sua jornada.

Finalizando

Fica claro que as horas extras mal administradas são um perigo para empregados e empregadores.

Para os empregados essa prática pode fazer mal para a saúde.

E tudo o que faz mal para o seu colaborador é um risco também para a sua empresa. As principais consequências para o seu negócio é a baixa produtividade, alto custo com pagamento de horas e processos trabalhistas.

Lembre-se que após a “obrigatoriedade” do labor vem a obrigatoriedade do descanso.